Christopher Lee (1922-2015)
(11 de jun. de 2015)
Como muitos já sabem, morreu neste domingo (7 de junho), de complicações respiratórias e cardíacas, Sir Christopher Lee, ator conhecido pelos papéis de Drácula, Saruman e Conde Dookan. Ele tinha 93 anos.
Nascido em 27 de maio de 1922, o ator que havia sido condecorado com o título de cavaleiro britânico dado pela família real inglesa, ficou conhecido principalmente pelos papéis de vilões no cinema.
Fazemos questão de relembrar a vida e carreira de alguém que pode ser considerado uma verdadeira lenda. Não são todos aqueles que podem dizer ter vivido uma vida de forma tão completa, absoluta e diversificada.
Lee formou-se em literatura clássica. Uma escolha interessante, que foi na contramão dos demais atores britânicos, sempre formados em teatro. Lee sempre foi uma pessoa de escolhas e caminhos contrários ao rumo que o restante tomava. Escolhia vilões e era considerado alto demais para o mundo audiovisual (um ramo que é marcado por atores que em sua maioria possuem altura baixa a fim de encaixar no frame da câmera).
Contudo, com a Segunda Guerra em andamento, ele acabou juntando-se aos finlandeses na Guerra de Inverno, para posteriormente servir como oficial de inteligência para os britânicos da Força Aérea Real. Somente após a guerra que ele pode voltar a se dedicar a suas paixões.
Lee tornou-se famoso na década de 1950 quando assinou contrato com a Hammer Films, empresa que era conhecida por seu acervo de filmes de horror. E foi ali que Lee encontrou seu papel mais marcante, ao encarnar Drácula. Foram dez filmes feitos (muitos em parceria com o igualmente lendário ator britânico Peter Cushing), sendo a maioria deles sucessos retumbantes de público e crítica. Sua voz, seu timbre, seu olhar e seu comprometimento com o personagem fizeram dessa uma performance inesquecível.
Mas Lee tornou-se quem é por ir muito além de suas origens. Muitos atores em filmes de gêneros específicos (como horror) ficam conhecidos apenas por esse tipo de papel e acabam se acomodando. Lee nunca se acomodou, mesmo ficando conhecido pelos papéis de vilão. Ele realizou diversos filmes de Sherlock Holmes, e também uma versão de O Médico e o Monstro.
Já nos anos 1970 ele conseguiu conquistar uma nova geração de fãs ao encarnar um dos vilões mais conhecidos de James Bond, Francisco Scaramanga, o homem com a Pistola de Ouro.
Quase 30 anos depois, Lee resurgiu e foi capaz de atrair a atenção de mais uma nova geração de fãs. Ele tornou-se o vilão Saruman nas adaptações cinematográficas de O Senhor dos Anéis, trilogia que foi exibida entre 2001 e 2003. Ao mesmo tempo, ele filmou dois filmes da saga Star Wars, interpretando o vilão Conde Dookan, nos Episódios 2 e 3. Dez anos depois, ele voltou a Terra Média reprisando o papel de Saruman para a trilogia The Hobbit. Por sinal, sua conexão com esse universo foi muito além de seu papel nos filmes. Além de ter narrado versões áudio dos livros de J.R.R. Tolkien, ele teve o privilégio de ter conhecido o autor pessoalmente.
Lee ficou tão marcado por seus papéis que novas gerações de cineastas cinéfilos foram atrás dele. Foi assim que Lee encontrou-se em filmes de Spielberg e Tim Burton. Mesmo que o filme não fosse da melhor qualidade, ele sempre deu o melhor de si em cada papel. Qualquer um irá lembrar de sua voz numa situação dessas. Foi o caso ao ver Lee na recente refilmagem de Sombras da Noite dirigida por Burton.
E assim, ele foi capaz de transcender diversos gêneros cinematográficos, ao abordar tanto horror quanto ação, fantasia, mitologia, drama e até mesmo comédia em alguns casos. Ao todo, ele atuou em mais de 200 produções.
Qualquer pessoa convencional assume que nessa altura da vida, Lee já poderia ter feito de tudo que pudesse. Só que ele sempre subverteu expectativas, e impressionou a muitos ao lançar uma carreira de música heavy metal, com narrações dele e números musicais também cantados por ele.
Mesmo aos 93 anos, Lee mostrava lucidez, dedicação e profissionalismo inigualáveis. Nesses últimos 15 anos, ele passava uma impressão de imortalidade. Manoel de Oliveira continuou dirigindo filmes mesmo após completar 100 anos de idade. Lee parecia uma daquelas almas imortais que seria capaz de explorar novos rumos, e ir ainda além do caminho que já havia trilhado.
De qualquer forma, ele será sempre lembrado pelo legado que deixou para todos nós.
Descanse em paz Christopher.
Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 09:54
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