Relembrando os X-Men no cinema - parte 4
(24 de mai. de 2016)
E vamos em frente revendo todos os filmes dos X-Men que vieram nesses últimos 16 anos.
Após o sucesso financeiro de X-Men: O Confronto Final, a Fox tinha percebido o valor da franquia que detinha e queria explorar ela ao máximo, sem ter de fazer exclusivamente filmes sobre a equipe. Se os quadrinhos tinham aventuras-solo dos personagens, por que não os filmes?
A ideia original era focar em cada personagem, mas a Fox apostou mesmo em Wolverine. Sendo o personagem mais popular da trilogia, não era uma decisão tão difícil.
Infelizmente, X-Men Origens: Wolverine foi o verdadeiro equívoco dessas produções. Não há muito o que dizer sobre este filme, lançado em 2009, mas ele peca por severas inconsistências narrativas e uma falta de foco. Fica a impressão de que exploraram o passado do canadense como se marcassem uma lista de acontecimentos. Faltou drama, faltou evolução.
Além do que, o filme foi o primeiro a gerar as inevitáveis inconsistências. Esse é um problema que afeta qualquer série ou série de filmes. Quanto mais conteúdo se acumula, mais fácil se torna tomar uma decisão narrativa que contradiz elementos pré-estabelecidos, ainda mais quando as obras se prezam pela continuidade dentre elas. Caso fossem aventuras sem conexão, não seria problema. Isso para grandes mitologias é um desafio a ser superado. Isso afetou os quadrinhos, e esse excesso de bagagem fez com que as editoras jogassem parte dessa continuidade no lixo, a fim de não alienar novos leitores.
Essa é a lógica que dita boa parte da tendência a reboots e remakes cinematográficos hoje em dia. Para que seguir com uma trama cada vez mais complicada quando se pode voltar à estaca zero e contar a história de origem para um novo público? O Homem-Aranha que o diga....
O problema é que ao tentar se afastar do mundo complexo dos X-Men, a aventura-solo do canadense acabou criando o efeito oposto, agravando boa parte dos erros de continuidade e lógica da série.
E hoje se sabe que foi uma produção conturbada. Infelizmente, o diretor Gavin Hood teve pouquíssimo controle criativo. O presidente de produção do estúdio, Tom Rothman, que já teve embates com Singer no passado, literalmente dava ordens à equipe de filmagem, pedindo que pintasse o set de determinada cor, atropelando por completo a autoridade do diretor. De acordo com o roteirista David Benioff (Game of Thrones), houveram várias mudanças de roteiro a pedido do estúdio, e isso diluíram muito as intenções originais. O fato do terceiro ato ser uma bagunça também não ajuda, tentando misturar diversos personagens e incluir uma questionável origem dos demais X-Men na trama quebrou o ritmo do filme.
Há ao menos um ponto positivo: Hugh Jackman. O fato do personagem não envelhecer no mesmo ritmo também permitia ao estúdio aproveitar os talentos de Jackman numa história de origem que se passasse décadas antes dos filmes originais. Além de ser um ator diverso, e com mais alcance dramático a cada filme que passa, ele se aprimora fisicamente, assemelhando-se cada vez mais ao mutante, dando mais credibilidade para as cenas de ação. Além dele, Liev Schreiber é mais adepto ao papel de Dentes-de-Sabre do que Tyler Mane do primeiro filme.
E vale mencionar a beleza natural da Nova Zelândia, que foi palco para boa parte do filme. Quem assistiu a Senhor dos Anéis sabe do valor estético que a locação tem.
Outro ponto positivo foi a introdução do personagem Deadpool. Vivido por Ryan Reynolds, seu senso de humor cativou o público. Começou ali um movimento liderado pelo próprio ator para que o personagem tivesse um filme-solo que fizesse justiça ao personagem. Só que para isso, ele teria de lutar ferozmente contra as limitações de Hollywood. Fazer um blockbuster de largo alcance com todos os palavriados e cenas de sexo gratuitas era uma batalha que levaria seis anos.
Também havia um desejo por parte dos produtores em criar um filme do Wolverine que retratasse a violência do personagem de forma mais fiel aos quadrinhos sem se prender a convenções hollywoodianas de agradar a todos. Quem assistiu ao desenho animado dos X-Men na década de 1990 deverá lembrar que sempre quando Wolverine iria usar suas garras de adamantium contra uma pessoa, um dos outros X-Men o impedia de fazer o estrago. Essa era uma decisão de roteiro para não apavorar o público infantil do canal Fox Kids. Quando vimos a cena no segundo X-Men na qual Wolverine retalha seres humanos comuns com suas garras entende o quanto essa aspecto selvagem faz parte do personagem e seu universo.
Enquanto isso, a Fox tinha planos de voltar ao passado....
No próximo post, falaremos de X-Men: Primeira Classe. Até lá, fique com a cena em que Wolverine derruba um helicoptero da forma mais realista que se pode imaginar....
Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 10:49
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