Star Wars - Versão Alternativa
(3 de abr. de 2020)
Nos últimos meses, vimos as mais variadas respostas que A Ascensão Skywalker gerou. O capítulo final da saga foi tão divisor quanto seu antecessor, Os Últimos Jedi. Enquanto alguns aplaudiram o filme por capturar o mesmo espírito de aventura do filme original, outros reiteraram as mesmas críticas feitas a toda nova trilogia, reforçando a ideia de que esses filmes foram produzidos sem qualquer estratégia ou planejamento.
E acho que por mais que se goste de Star Wars, e ainda dê para curtir os momentos emocionantes que esses novos filmes proporcionam (principalmente o papel expandido do robô C-3PO no filme), não diria que a alegação acima é desprovida de mérito. Muito pelo contrário.
Vazou recentemente na internet uma versão anterior do roteiro do filme. Como muitos devem saber, J.J. Abrams (O Despertar da Força) não voltaria para dirigir A Ascensão Skywalker. A ideia original dessa nova trilogia era um diretor diferente por filme, e assim a direção do último capítulo teria sido de Colin Trevorrow (Jurassic World). Só que como muitos sabem, a Disney (junto com a alta cúpula da Lucasfilm) rejeitou o roteiro de Trevorrow e recontratou Abrams. A versão vazada agora é a de Trevorrow.
E o nome do roteiro é até melhor que o nome atual do filme: Duel of the Fates.
Para quem não lembra, Duel of the Fates era o nome da trilha sonora principal composta por John Williams para o Episódio 1: A Ameaça Fantasma, em 1999. Era a música de fundo nas cenas de combate entre Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor), Qui-Gon Jinn (Liam Neeson) e Darth Maul (Ray Park).
E um aspecto que esse roteiro acerta em comparação com o filme que foi lançado, logo de cara, é que ele não depende tanto de nostalgia para criar uma trama empolgante, e ao mesmo tempo impactante.
Em resumo, os primeiros 40 minutos de filme tem algumas semelhanças com a versão final. Contudo, a trama muda completamente da metade pro final. E é nesse parágrafo que entramos em território de SPOILERS.
Em resumo, os primeiros 40 minutos de filme tem algumas semelhanças com a versão final. Contudo, a trama muda completamente da metade pro final. E é nesse parágrafo que entramos em território de SPOILERS.
1. A maior mudança, evidentemente, é a ausência do Imperador Palpatine (Ian McDiarmid). Na versão original, Kylo Ren (Adam Driver) permanece sendo o antagonista principal, seguindo a linha narrativa estabelecida pelo filme anterior. Ren ganha um novo mestre Sith, Tor Vallum, um alienígena de 7000 anos, e depois o assassina. Além disso, Ren enfrenta uma imagem de Darth Vader numa caverna, similar a cena de Luke na caverna em Dagobah, no Império Contra-Ataca.
2. Rose Tico (Kelly Marie Tran) tem muito mais tempo de cena e destaque na trama.
3. Rey (Daisy Ridley) constrói um sabre de luz duplo, similar ao de Darth Maul, usando partes e sobras da espada destruída de Anakin Skywalker (Hayden Christensen).
4. Há uma certa tensão sexual entre Rey e Poe Dameron (Oscar Isaac).
5. Boa parte do filme se passa em Coruscant, antiga capital da República, que é agora quartel-general da Primeira Ordem, onde o General Hux (Domnhall Gleeson) reina com tirania e continua a ver Ren como ameaça a sua autoridade. Uma batalha enorme é conduzida no planeta.
4. Há uma certa tensão sexual entre Rey e Poe Dameron (Oscar Isaac).
5. Boa parte do filme se passa em Coruscant, antiga capital da República, que é agora quartel-general da Primeira Ordem, onde o General Hux (Domnhall Gleeson) reina com tirania e continua a ver Ren como ameaça a sua autoridade. Uma batalha enorme é conduzida no planeta.
6. Vemos novamente o castelo de Darth Vader, em Mustafar, antes visto em Rogue One. Ren é constantemente atormentado pelo fantasma de Luke Skywalker (Mark Hamill).
7. A Princesa Leia (Carrie Fisher) sobrevive até o final do filme.
8. O planeta Mortis, populado por seres místicos que representam os diferentes lados da força, é alvo de busca por Rey e Ren. O planeta já havia aparecido em episódios da série animada Clone Wars.
Enfim, a primeira impressão que passa é que mesmo sem pender pra nostalgia que a versão de Abrams, o roteiro de Trevorrow ainda consegue capturar o espírito de aventura que a saga de George Lucas tinha. É óbvio que produzir um filme é um processo colaborativo, e não dá para afirmar com certeza que a versão de Trevorrow teria sido necessariamente melhor. Mas não dá para negar que ela era no minimo ambiciosa do ponto de vista narrativo.
E assim ficamos nessa situação de ponderar realidades alternativas. Assim como podemos imaginar como teria sido o Episódio 9 nas mãos de Trevorrow, poderíamos imaginar como teria sido essa trilogia se a Disney não tivesse descartado as ideias que Lucas tinha.
Por mais que Lucas tenha adaptado a história dos filmes com o passar dos anos, se há uma descrição que se pode reiterar nessa nova trilogia é que faltou realmente um certo planejamento. Essa escolha de pensar um filme de cada vez sem ponderar as repercussões de cada episódio, e colocar um diretor diferente começando do zero acabou por criar uma obra bem desconexa, que não dialoga bem entre si, e que cria várias contradições.
O fato é que Abrams, por mais competente que seja como diretor, está acostumado a ser aquele que tenta agradar a todos, e acaba usando a nostalgia como forma de criar algo nesse sentido, evitando colocar um carimbo mais autoral na sua produção. Os próprios depoimentos recentes do roteirista Chris Terrio demonstram que o episódio 9 foi feito às pressas pra agradar a cúpula da Disney, com 30 revisões de roteiro por semana e inúmeras horas passadas reeditando o filme várias vezes. Essa falta de confiança na história mostra o quanto estavam perdidos na tentativa de agradar os executivos.
O fato é que Abrams, por mais competente que seja como diretor, está acostumado a ser aquele que tenta agradar a todos, e acaba usando a nostalgia como forma de criar algo nesse sentido, evitando colocar um carimbo mais autoral na sua produção. Os próprios depoimentos recentes do roteirista Chris Terrio demonstram que o episódio 9 foi feito às pressas pra agradar a cúpula da Disney, com 30 revisões de roteiro por semana e inúmeras horas passadas reeditando o filme várias vezes. Essa falta de confiança na história mostra o quanto estavam perdidos na tentativa de agradar os executivos.
Se quiser saber mais sobre a versão de Trevorrow, acesse o roteiro completo nesse link. Espero que tenha curtido algumas das ilustrações dessa versão do filme, ao lado desse texto, e que também foram vazadas. Confira também o divertido vídeo abaixo (em inglês), que é uma versão animada de como teria sido o filme.
Posted in Postado por Eduardo Jencarelli às 13:13
0 comentários:
Postar um comentário